Não é novidade para ninguém, principalmente para aqueles mais ligados a questões comportamentais (dentro ou fora das empresas), que manter uma autoestima elevada é fundamental para que os outros tenham uma boa impressão de você. Afinal, como diz aquela velha máxima “quem gostará de você, se você mesmo não gostar de si?”. O mesmo vale, e muito, para o bom desempenho dentro das organizações. Se um profissional acredita piamente que seu trabalho não é lá grandes coisas, os outros poderão ao mesmo. Posso, inclusive, comparar o que digo com Marketing Pessoal. Quando mais você puder mostrar as coisas boas que vem desempenhando, mais os outros acreditarão que seu trabalho é realmente bom.
            Gostar de si mesmo significa desempenhar diversas funções, dentro ou fora do trabalho, com uma maior assertividade e grande criatividade. É simples fazer a comparação: quando estamos tristes, seja lá por qual motivo for, tendemos a não querer fazer as coisas ou a fazê-las com pesar. O resultado fica ruim e não sentimos prazer em dar continuidade em nada. Em contrapartida, quando estamos felizes, fazemos tudo de bom grado e os resultados são infinitamente melhores do que quando não estamos bem. A autoestima está muito ligada à felicidade, pois normalmente quando estamos tristes, nada ao nosso redor fica bom o suficiente.
            No processo de crescimento profissional, os sentimentos de insegurança, culpa e incerteza precisam ser deixados de lado, pois ninguém, absolutamente ninguém, consegue se destacar de forma satisfatória se tiver algum desses sentimentos consigo. Se observarmos os grandes profissionais que possuem carreiras invejáveis, notaremos que todos eles possuem essas qualidades em demasia. Normalmente, são pessoas repletas de segurança no que fazem e não titubeiam ao tomar decisões. Esses profissionais dominam o mercado de trabalho como ninguém, mantém-se informados a cerca de tudo que gira em torno deles e, com isso, possuem as certezas necessárias para seguir em frente em suas carreiras. Aliás, quando, infelizmente, tomam as decisões erradas, não se culpam por isso, pelo contrário, orgulham-se por, pelo menos, terem tomado alguma decisão.
            Os profissionais dotados de boa autoestima, normalmente, são dotados, também, de grande capacidade criativa, ou seja, conseguem asoluções simples para problemas mirabolantes. Consequentemente alcançam o sucesso com maior facilidade que os demais. Esses profissionais, por mais que estejam satisfeitos com o “andar da carruagem”, buscam o crescimento profissional e lutam  por isso durante toda a vida e, o que é melhor, acreditam que conseguirão chegar à cúspide da pirâmide. Cada conquista é comemorada como o nascimento de um filho e cada derrota serve de trampolim para uma nova tentativa. São pessoas altamente resilientes e não se abalam com qualquer crise, pelo contrário, encontram nelas armas suficientes para se reerguer.
            A autoestima trás benefícios incríveis, pois pessoas dotadas dela são, tendenciosamente, mais benquistas por todos. Normalmente são pessoas que tratam a todos com muito respeito e possuem o dom de querer sempre ajudar aos outros. Toda essa benevolência resulta em favores trocados mutuamente sem que haja qualquer cobrança para tal. É aquela história: quanto mais damos, mais recebemos em troca. E para essas pessoas, os favores vêm de forma amistosa, de bom grado mesmo, sem que os cobrem por isso mais tarde.
            Voltando ao Marketing Pessoal, o que mais me preocupa nessa história toda, são aqueles profissionais que não sentem nada disso que citei anteriormente, mas que por saberem da importância de se vender bem, acabam passando uma imagem do profissional ideal, quando, na verdade, o que sentem dentro de si próprios não passa da mais pura incerteza e insatisfação com o próprio desempenho. As consequências disso podem ser avassaladoras. Fazer com que os outros confiem num trabalho que você mesmo não confia, pode pôr a perder anos de construção de imagem pessoal. E a solução pra isso não é explanar pra todos que você não se sente seguro, ou incerto de suas decisões. A solução é trabalhar isso dentro de si e passar a enxergar o real valor que você tem. De nada adianta os outros verem em você o profissional ideal, se você se cobra o tempo todo por mais, e mais, e mais...
            Se for preciso, recomendo ajuda médica para trabalhar isso. Parece simples ao escrever, mas na prática reconheço que essa dificuldade se amplifica exponencialmente. Já vi muitos casos de pessoas que se afundaram em depressões profundas e de lá só saíram (se saíram) após anos de clausura dentro de si mesmos. Não venho aqui falar da questão psicológica do tratamento, mas sim do efeito que isso causa nas carreiras de alguns profissionais. Veja, o mercado de trabalho não espera a boa vontade de ninguém. Enquanto você se fecha no seu mundinho, ele continua avançando cada vez mais. Por isso, cabeça fria e superação são as principais armas para quem se sente insatisfeito com suas derrotas. Dessa forma, facilmente poderá transformá-las em vitórias em um curtíssimo espaço de tempo.
BERNT ENTSCHEV | Presidente da De Bernt Entschev Human Capital
 
Headhunter, trabalha na área de Executive Search há mais de 20 anos. Anteriormente ocupou diversas posições executivas na Souza Cruz, além de ter sido CEO e membro do Board da Manasa. Bernt escreve colunas semanais nos jornais Gazeta do Povo, de Curitiba Correio do Povo, de Jaraguá do Sul e no La Nación, do Paraguai. Também é comentarista de Recursos Humanos no telejornal Bom Dia Paraná, da Rede Paranaense de Comunicação, filiada da TV Globo e nas rádios CBN e 91 Rock, de Curitiba. Autor do livro "Executivos, Alfaces & Morangos", Bernt atua como conselheiro das instituições AMCHAM, AHK, ABRH e IBEF e já foi eleito o 4º Melhor Headhunter do Brasil pelo Canal RH.