Sabe aquele profissional que vive lhe mandando e-mails contando de seu desligamento de uma empresa e da busca de novos desafios em uma nova organização? É sobre este tipo de profissional que falarei hoje. Afinal, é cada vez mais comum que profissionais vão em busca de crescimento profissional longes da empresa em que atuam atualmente. Podemos chamá-lo de Executivo Pula Pula. Esta é uma característica bastante predominante nos profissionais do mercado atual. Eles se desenvolvem em uma determinada empresa e quando estão prontos para subir de cargo, são convidados por outras empresas para ocupar uma posição acima daquela em que ele ocupa atualmente. Em alguns casos, esses profissionais nem sobem de posição hierárquica, porém atingem um patamar salarial mais elevado, com benefícios que não possuíam antes. Antes de continuar, preciso chamar atenção para o seguinte: não estou falando dos profissionais que começam numa organização e logo são desligados por mal comportamento, ou por baixa produtividade. Pelo contrário, o assunto de hoje é sobre os talentos que são, muitas vezes, subutilizados ou mal remunerados dentro das empresas e que, por conta disso, são “achados” pelo mercado e contratados por valores muito melhores e para posições bem mais desafiadoras e condizentes com seu verdadeiro perfil. Veja, os funcionários são os maiores bens de uma empresa, pois sem eles é impossível que ela vá adiante. Uma empresa necessita de capital humano e, por isso, deve valorizar bem seus colaboradores, antes que outra empresa se proponha a fazer isso melhor. Há alguns anos, os profissionais buscavam estabilidade profissional através do emprego, ou seja, para a maioria esmagadora, o importante era achar uma empresa boa para que ali ele pudesse se desenvolver e construir sua carreira. Lá dentro ele montava seu planejamento e atingia todos os níveis esperados pela organização para subir hierarquicamente. Era um ciclo. Uma vez assumida uma nova posição, o profissional tentava mais uma vez atingir os níveis esperados para tal posição para, enfim, subir novamente. Alguns (poucos) chegavam a cargos estratégicos, diretorias e presidências. Em compensação, se algo errado ocorresse no meio do caminho e o profissional fosse desligado pela empresa, ele praticamente não servia para outra organização, pois o seu desenvolvimento atendia às expectativas da empresa onde passou a maior parte de sua vida e, muitas vezes, isto não condizia com a realidade do mercado fora dali. Hoje, felizmente, os profissionais agem bem diferentes disso. O movimento atual busca fazer com que o profissional seja empregável. Ele se desenvolve de acordo com as expectativas do mercado de trabalho em geral e não de uma organização especificamente. Assim, caso ele seja demitido ou queira sair, por conta própria, da atual empresa em que trabalha, ele poderá, facilmente, ser absorvido por outras organizações, afinal, atende às especificações do mercado em geral. É aí que entra o tal executivo pula pula que comentei no princípio do artigo. Exatamente pelo fato de os profissionais estarem, cada vez mais, adequando-se às exigências do mercado, é que o mundo lá fora têm os enxergado com mais facilidade, principalmente, as concorrentes. Um exemplo clássico é o de gestores. Digamos que existem duas empresas do segmento automotivo em concorrência direta. Uma delas é eleita uma das melhores empresas para se trabalhar e a outra sequer é mencionada como modelo de qualquer coisa. Isso significa, na verdade, que os gestores que comandam a primeira empresa possuem um modelo de gestão altamente eficaz e que faz com que seus funcionários se sintam prazerosos em trabalhar ali, o que pode não ser o caso da segunda. Em situações assim, é muito comum que estes gestores sejam buscados pelo mercado. Ora, se a minha concorrente trabalha melhor do que eu, é claro que eu procurarei alcançá-la e quiçá ultrapassá-la. E para isso pode ser necessário que eu contrate o diretor daquela empresa para que ele administre agora a minha. Aliás, muitos profissionais (aqueles que não conseguem enxergar a longo prazo) diminuem sua produtividade por se sentirem desvalorizados e subutilizados em seus atuais empregos, sem perceber que quanto mais boicotam a empresa, mais jogam contra eles mesmos. Afinal, a empresa onde você trabalha pode até não te remunerar bem pelo seu trabalho. Mas se você der o máximo de si, certamente outras empresas notarão seu talento e brevemente o chamarão para trabalhar com eles. Pode ser que nesta altura você esteja se perguntando sobre a fidelidade de os profissionais para com as empresas. Entretanto ressalto o seguinte. Fidelidade está em respeitar a empresa e não fornecer dados importantes a outras pelas quais o profissional certamente passará, jogar junto dela. A questão que defendo é a de que o profissional deve jogar sempre a seu favor para que ele seja cada vez mais empregável, sem depender de nenhuma empresa única e exclusivamente. Afinal, todo contrato é bilateral e tanto o profissional, quanto a empresa podem reincidir a qualquer momento. Por isso mesmo, é importante ficar atento às decisões que você toma. À medida que você se arrisca numa nova cultura organizacional, você fica sujeito a atender ou não às expectativas da empresa. Assuma sua responsabilidade.
BERNT ENTSCHEV | Presidente da De Bernt Entschev Human Capital
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